21 dezembro, 2017

Sem título #96

Viver no Reino Unido há três meses ensinou-me algumas coisas. Para além da moeda diferente (a que ainda me estou a habituar), do sotaque que muitas vezes me escapa ao entendimento, dos feriados inesperados de que o google me informa (adorei o doodle do dia de Santo André, padroeiro da Escócia, a 30 de Novembro), do trânsito que circula pela esquerda e que provoca atrapalhação ao atravessar a rua e ao aceitar boleias de amigos (dirijo-me sempre à porta do condutor), fiquei também a saber um pouco mais sobre os ingleses... embora esteja no Reino Unido, vivo efectivamente na Inglaterra e para além de um ou outro aluno/colega da Escócia ou Irlanda do Norte (de Gales não conheço ninguém), as pessoas com quem convivo e trabalho são na grande maioria inglesas, havendo também algumas estrangeiras como eu.

No trato e no feitio, os ingleses são bastante parecidos com os americanos, simpáticos, acolhedores e amigáveis, apesar de um pouco mais contidos (como aliás são os europeus em relação aos norte e sul americanos), mas essas pequenas diferenças esbatem-se. Sendo portuguesa, a diferença que me é mais visível é que, ao contrário dos americanos,  os ingleses sabem onde fica Portugal e muitos (muitos mesmo!) até já conhecem. É com uma alegria sincera e sorriso efusivo que me dizem, quando se apercebem qual é o meu país de origem: "Gosto tanto do Algarve!"

Ora, todo o português sabe que o Algarve é dos ingleses especialmente nos meses de verão à excepção de Agosto, mas também em época baixa. O que eu desconhecia, (certamente porque os ingleses que conheci até há três meses atrás, se contam pelos dedos de uma mão), é que a grande maioria dos ingleses que já vieram a Portugal não conhecem Lisboa. Voam directamente para Faro e passam uma ou duas semanas no seu local de eleição do Algarve e dali voltam para de onde vieram. Dizem com orgulho que vão para Vila Moura, Albufeira, ou Lagos há 20 anos, que conhecem já os restaurantes locais com o melhor peixe e que conhecem o dono do restaurante pelo nome, mas a Lisboa nunca foram. E quase todos ficam sem graça de o dizerem... a conversa era sobre o Algarve e só foi para Lisboa porque eu a levei para lá. Alguns apercebendo-se no momento do meu choque quase pedem desculpa. Talvez valesse a pena à TAP fazer publicidade do Portugal stopover não só na América como também no Reino Unido.

Certo dia num grupo de amigos, uma colega do Ecuador (que nunca foi ao Algarve) disse que tinha adorado Lisboa mas que gostou bem mais do Porto. Os que nunca tinham ido a Portugal, ou que só tinham ido ao Algarve, ficaram curiosos e fizeram-me perguntas que me levaram não só a falar daquelas cidades, mas também das ilhas. 

Um dos que nunca tinha estado em Portugal perguntou se eu recomendava que ele fosse primeiro ao Porto ou à Madeira. Eu disse que Lisboa tinha bem mais que ver numa primeira visita, mas que o Porto e a Madeira eram também óptimos destinos a visitar. De seguida perguntou qual era a melhor altura para visitar, ao que respondi que o clima português é bem mais ameno que no Reino Unido durante todo o ano. Mas ele queria mesmo era saber quando é que podia ir à água... aí eu confessei que era a pessoa errada para fazer aquela pergunta. Tendo nascido e crescido em Portugal eu só vou à água no verão e, como sou friorenta, às vezes nem em Agosto a água está a uma temperatura que eu consiga tolerar. No entanto disse-lhe que é sobejamente conhecido dos portugueses, que as águas do Algarve banham há décadas, os ingleses de Março a Outubro e os suecos, talvez de Janeiro a Dezembro. É só marcar a viagem!

1 comentário:

Unknown disse...

Olá Cláudia!
Obrigada pela partilha da vivência no RU. Tal como tu, também desconhecia que a capital portuguesa - Lisboa - não era assim tão conhecida dos ingleses.
Ora urge, assim, uma maior divulgação para que, para além de Algarve city, venham também conhecer outras belas regiões do nosso País e sejam todos Welcome ;)
Saudações natalícias,
Sandra